terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Cuidando dos livros em casa

Hoje eu estive refletindo em relação a quantidade de livros que já possuo (obvio, ainda não li nem metade, e sei que isso é uma compulsão a ser trata, mas não estou prejudicando ninguém ainda). Observei que além de não ter espaço, o modo como os livros estão dispostos pelo quarto não é de se levar a conservação e preservação dos meus filhos a sério.
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Uma estante organizada. Fonte: L'Explorateur
Muitos, devido à baixa qualidade do papel usado na edição, somado a alta umidade que o quarto sofre e a constante variação de mudança de temperatura (por mais que o Norte seja uma região quente, nos períodos de chuva chega a fazer frio, muito frio). Alguns livros estão até com manchas e fungo (eca!). Assim, é hora de me movimentar e tratar de cuidar deles, por que não acho certo que os livros que ainda nem li já estarem sendo perdidos dessa forma.

Já tinha em mente tentar preservar os livros guardando-os em saquinhos plásticos ou até mesmo em papel filme. Entretanto, por ser de material de origem vegetal e precisar de oxigenação para manter-se “vivo”, tenho em mente que não seria uma boa ideia (mesmo protegendo da poeira e facilitando a limpeza).

De principio, pesquisando em alguns outros bloggers e artigos, encontre dicas de preservação antes do manuseio, no período de aquisição e guarda que abrangem a estrutura das estantes e a ambientação:
Resultado de imagem para limpando os livros
Higienização de livro. Fonte: Livros Encantos
  • Muitos livros em uma prateleira frágil? NÃO PODE. Procure ter prateleiras de madeira resistentes para que você possa acomodar seus livros;
  • Livros em sacos plásticos? NÃO É INDICADO. Procure se informar sobre o PH do plástico e se com ele o livro pode ter o mínimo “para respirar”;
  • Encapar livros com papel pardo? NÃO PODE. Os papeis pardos, podem até proteger contra a poeira, mas transmitem o teor ácido que possuem para os livros;
  • Limpeza geral? CLARO QUE PODE. Limpe sempre, pelo menos uma vez por ano, suas estantes, prateleiras e livros;
  • Livros juntos a parede? NÃO PODE. Os livros precisam respirar, e as paredes pode passar umidade para eles, gerando fungos;
  • Bibliocantos? COM CERTEZA. Os livros não podem ficar tombados e nem posicionados na horizontal (empilhados), danifica a lombada e o miolo do material. Na estante, procurem sempre deixar um espaço (uma folga) entre os livros, nunca os deixe prensados;
  • Carimbar? NÃO É INDICADO. Algumas pessoas escrevem o nome na folha de rosto do livro e outras carimbam. Caso o livro venha a ser repassado (venda, permuta ou doação), acaba perdendo seu valor. Mas como os meus livros (que são meus e não pretendo repassar ou vender tão cedo) ajudam na identificação do material. Apenas lembre se de evitar o excesso de tinta nos carimbos;
  • Iluminação forte? NÃO PODE. Evite que seus livros recebam a luz forte do sol ou de lâmpadas que emitam raio ultravioleta muito forte. As janelas podem receber persianas ou cortinas para amenizar a incidência de luz solar.

Na hora do manuseio do seu livro, segue as orientações:
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Marcador DIY. Fonte: Era uma vez uma ervilha
  • Pegar o livro. CUIDADO. Evite pegar no livro com as mãos engorduradas ou com resíduos de comida, isso atrai insetos e pragas;
  • Na hora da leitura. ATENÇÃO. Evite abrir muito o livro para não danificar a lombada, pois cria atrito e dependendo da cola utilizada facilita o miolo descolar;
  • Retirar o livro da estante. NUNCA puxe o livro pelas pontas, sempre manuseie pelo centro da lombada, por isso deve deixar aquela “folga” entre os livros na estante;
  • Material adesivo. JAMAIS, pois podem conter alta acidez e provocar manchas irreversíveis na área aplicada;
  • Marcadores. USE, contanto que sejam os finos e feitos de papel. Nada de usa clipes ou folhas e pétalas de flores secas, pois podem manchar e marcar as páginas permanentemente;
  • A página rasgou. NÃO use fita adesiva, jamais faça isso. Pois novamente, volto a dizer sobre a acidez desses produtos nas páginas dos livros;

Espero que você siga as orientações e que elas possam realmente auxiliar na conservação dos seus livros. Se tiver mais alguma dica ou sugestão sobre algum assunto que queira que eu escreva. Dedos no teclado mande sua mensagem, pode ser nos comentários ou via e-mail.


Eddie Carlos S. da Silva

Texto baseado nas postagem "20 dicas para conservar seus livros", do blogger Dose Literária, e "Conservação de livros - dicas para preservar os livros em casa", do blogger Link Livros.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Colina Escarlate (Crimson Peak) (2015)


E vamos tomar um café de filme...

O filme da vez é mais uma grande produção de Guillermo del Toro (Não, não vou escrever apenas sobre ele, mas não tenho culpa se o cara sabe o que faz).

Esse é mais um nas minhas listas "Contos de fada nada tradicionais" e "Filmes que todos tem que assistir, porquê sim!"

Já havia assistido anteriormente, logo no ano em que estreou (2015), entretanto, pus me a assistir novamente, até mesmo porque incorporei o filme a minha coleção de Dvds e como já havia falado da mais recente produção de del Toro, "The Shape of Water".

Sem mais delongas e blá blá blá.... o filme da vez é "A Colina Escarlate".
"As coisas bonitas são frágeis." (Lucille Sharpe, Crimson Peak, 2015)


Título (BRA): A colina escarlate
Título (Original): Crimson Peak
País de produção: Canadá, EUA
Estreia: 15 de outubro de 2015 (BRA); 16 de outubro de 2015 (Mundial)
Direção: Guillermo del Toro
Produção: Guillermo del Toro; Thomas Tull; Callum Greene; Jon Jashni
Escrito por: Guillermo del Toro; Matthew Robbins
Classificação Etária: Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero: Fantasia, Drama, Terror
Duração: 119 min, Color.; Son.
Classificação - CDD: 778.5 (Filme cinematográfico)

Nota: 9/10
Curiosidades: Duas curiosidades que eu, como aluno de Biblioteconomia, achei bem interessante destacar (já que esse é um dos intuitos do blogger) são: as Ilustrações de Bordas que Lucille apresenta para Edith, na biblioteca, e os rolos de cera gravados que Edith encontra no armário de toalhas. São duas especialidades que datam aproximadamente o século XVII ao século XIX. Podem conferir mais informações sobre as duas no link: Fonógrafo e Fore-edge painting.
Baseado no Livro: HOLDER, Nancy. A colina escarlate. Tradução Pedro Sette-Câmara. Rio de Janeiro: Record, 2015. 308 p. Título original: Crimson Peak.

A Colina Escarlate conta a história de Edith, uma jovem criança que perdeu a mãe muito jovem, mas desde o velório recebe a visita do fantasma dela. Visitas que não são nada sutis e agradáveis. Visitas que trazem apenas um recado de aviso em relação a Colina Escarlate, mas como não tem muitos dados na mensagem, fica uma informação incompleta e não entendemos, o que dirá a garotinha, a mensagem.
Fantasmas existem. Disso eu sei. Certas coisas os prendem a um lugar... do mesmo jeito que nos prendem também. Alguns se mantem apegados a um pedaço de terra. Um dia e hora. O jorro do sangue. Um crime hediondo. Mas há outros... que se apegam a uma emoção. Um propósito. Uma perda. Uma vingança. Ou um amor. Esses... nunca vão embora. (Crimson Peak, 2015)
Edith cresce e torna se uma jovem donzela muito bonita e atraente, além de muito esperta e inteligente, motivo pelo qual seu amigo e médico, Dr. Alan McMichael, acaba se apaixonando por ela e nutrindo esse sentimento ao longo do filme.

Edith sonha em ser uma escritora (e vamos falar de histórias dentro de uma história), entretanto, tendo em mente a época (vitoriana*) onde o enredo se passa, sabemos, graças as aulas de História, que nessa época a mulher não era vista como uma "pessoa de negócios", logo, ou ela virava dona de casa, ou trabalhava mais em profissões ditas como "femininas" (secretária do lar ou do escritório). O mesmo servia para Edith, que não tinha, além de seu pai, muitos incentivos para seguir como escritora.
- Sempre fecho os olhos quando não fico à vontade . Facilita tudo. - Eu não quero fecha-los. Quero mante-los abertos. (Crimson Peak, 2015)
Mesmo após sua história não ser aceita pelo jornal local, Edith não desiste de publicar sua história. Nesse momento, ela conhece o jovem Thomas Sharpe (Baronete de Allerdale Hall), que se encanta pela adorável Edith e por sua história de fantasma.

Esse encontro de Edith e Thomas, dá-se início a um série de pequenos acontecimentos, interligados, que me ateio a não continuar a relatar na descrição, pois é aqui que o filme realmente começa, a história se inicia e o suspense inicia para o ápice.

Particularmente, até eu assisti o filme e redigir esse post eu não cheguei a ler o livro, mas pretendo, e desejo fazer um relação da obra escrita com a adaptação para o cinema. Mia Wasikowska, está perfeitamente bem como Edith, assim como ela foi brilhante como Alice nos dois filmes da Franquia. A personagem que começa inocente e assustada, assumi aos poucos uma personalidade forte e implacável.
É absurdamente sentimental. O sofrimento descrito com tanta sinceridade! A dor, a perda. Não viveu nada disso. Leu de outros autores. (Thomas Sharpe, A colina escarlate, 2015)
Pode ser observado nessa evolução de Edith a passagem da menina para mulher. Que perde sua inocência para conhecer a brutalidade e a veracidade da vida humana, e como os homens podem agir uns com os outros em determinados momentos.

Tom Hiddleston, nosso querido Loki (da Franquia dos filmes dos Vingadores e Thor), diferente do personagem anterior, assume uma interpretação mais séria e sombria, que é pedido no filme de drama e suspense. Como Thomas Sharpe, analisamos no personagem a infância sofrida e traumatizada de uma criança refletida no homem que se tornou, e nem sempre os resultados são bons para o individuo e/ou para a sociedade.
Há alguma coisa nele que não gosto. O que é? Eu não sei. E não gosto de não saber. (Carter Cushing, Crimson Peak, 2015)
Com Guillermo del Toro na produção e direção do enredo o resultado não poderia ser melhor. Em alguns efeitos gráficos e especiais (que foram poucos, já que o filme conta muito com a praticidade do que pode ser feito na hora e sem tecnologia), voltados para os fantasmas das ex-esposas, ficou a desejar, mas Javier Botet, o mesmo interprete de Mama (2013), foi excelente em sua performance e atuação, dando uma vida e graça (medo e terror) aos nossos fantasmas escarlates. Mas como eu adoro tudo o que é feito pelo del Toro, fica meio suspeito criticar o filme (kkk).

Sem dúvida o filme é um deleite para os fãs do diretor e do gênero. Cada detalhe empregado nas cenas e de fazer assistirmos de novo, e de novo, e novamente.

ELENCO
  • Charlie Hunnam, como Dr. Alan McMichael;
  • Mia Wasikowska, como Edith Cushing [mesma atriz de "Alice no país das maravilhas" (2010) e "Alice através do espelho" (2016) nos remakes];
  • Jim Beaver, como Carter Cushing;
  • Javier Botet, como os fantasmas: Enola, Margaret e Pamela;
  • Jessica Chastair, como Lucille Sharpe;
  • Tom Hiddleston, como Thomas Sharpe [mesmo magnífico ator que deu vida e sarcasmo ao personagem Loki na franquia "Thor" (2011) e "Vingadores" (2012)];
  • William Healy, como o jovem Alan;
  • Sofia Wells, como a jovem Edith;
  • Bruce Gray, como Ferguson;
  • Burn Gorman, como Holly.

DISCOGRAFIA

por Fernando Velázquez:
  • Edith's Theme;
  • My mother's funeral;
  • Bufalo;
  • After the ghost;
  • Soft hands;
  • McMichael;
  • Valse sur une berceuse anglaise;


*Época Vitoriana: período no qual a Rainha Vitória reinou sobre a Inglaterra, no século XIX, durante 63 anos, de junho de 1837, a janeiro de 1901. (Fonte: Infoescola)

O Leitor do Trem das 6h27, de Jean-Paul Didierlaurent - LUGAR e HORA certa para a Leitura


Olá, caro leitor(a).

Acho que essa ideia de criar e manter um blog literário ainda vai acabar "empacando", mas enquanto houver tempo pra ler, resenhar, anotar e postar. Vamos que vamos.

O livro de hoje é "O leitor do trem das 6h27", isso mesmo, não é "da casa", "da biblioteca", nem "das 20h30" ou "12h00", é "O leitor do trem das 6h27, de Jean-Paul Didierlaurent".
Fonte: Icebookcream - A sorveteria literária.

Título (BRA): O leitor do trem das 6h27.
Título (Original): Le liseur du 6h27.
País de Produção: 
Autor: Jean-Paul Didierlaurent.
ISBN: 978-85-8057-791-4.
Dimensão: 12cm x 17cm
Páginas: 175 p.
Class. CDD: 823 - Literatura francesa.
Cutter: D556l.
Referência: DIDIERLAURENT, Jean-Paul. O leitor do trem das 6h27. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015. (broch.)

Lido em: 5 dias.
Nota: 9/10
Acompanhe o primeiro capítulo disponibilizado pela Intrínseca aqui



É perceptível na história o uso da metalinguística, acompanhada de um pouco de suspense, drama e romance; sem contar nas pequenas aventuras e tragédias que ocorrem no enredo com Guylan e Giuseppe. Confesso que, aparentemente, o livro me deu a impressão de conte rum leitura chata e sonolenta, ao contrário, desperta não só a vontade de ler mais páginas da história como também o desejo por um segundo volume.

É nítido a exposição dos assuntos, como leitura, livros, edição, versos alexandrinos, clássicos, tialogismo da Tia da zeladora do banheiro, e até mesmo a evolução, nítida, do texto impresso para o digital.

Fazendo uma pequena sinopse da história...

Guylain Vignolles é um simples operário em uma fábrica de reciclagem. Ele trabalha no setor responsável pela degradação de papel (principal os livros que vão para a reciclagem). Na fábrica trabalham, também, Yvon Grirnbert, o porteiro que ama devorar seu exemplar, mais que antigo e gastado, de “O Cid”, de 1936 do Britânico Pierre Corneille.

Tinha também, Kowalski, o chefe irritado e irritante, que adorava mandar e vigiar os funcionários, além de Brunner, o funcionário mais chato e que tinha uma vontade enorme de manusear a destruidora Zerstor 500.
“[...] um mundo onde os livros tinham direito de terminar a vida confortavelmente arrumados em caixas verdes ao longo dos parapeitos das margens, envelhecendo no ritmo do grande rio e sob a proteção das torres de Notre-Dame.” (p. 60)
Ah, sim! Zerstor 500, que não tá na lista de personagens é o nome da máquina utiliza no processo de degradação dos livros na fábrica, também conhecida como a assassina do conhecimento, devoradora de histórias, a praga da anti-curiosidade humana. Ela ficava sob responsabilidade de Guylain, que acreditava que a máquina tinha vida própria, devido alguns incidentes que já haviam ocorrido na fábrica e ninguém tinha a explicação para os ocorridos.
Um verbo alexandrino é direto como uma espada – explicara um dia Yvon -, nasceu para acertar o alvo, com a condição de honrá-lo. Não deve ser declarado como prosa vulgar. Recita-se de pé. É preciso alongar a coluna de ar para dar vida às palavras e debulha-lo de suas sílabas com paixão e ardor, declama-lo como se faz amor, com grandes golpes de hemistíquios, no ritmo da cesura. O verso alexandrino lhe apresenta seu ator. E não há lugar para improviso. Não se pode trapacear com um verso de doze silabas, menino. (Yvon Grimbert, p. 37)
Guylain era o típico homem de quase meia-idade, que tinha um emprego qualquer, que garantia seus gastos e para sua subsistência, mas odiava seu emprego, o que exatamente fazia. Como amante dos livros e da leitura que é, Guylain se sente torturado ao ter que presenciar tamanha atrocidade.
Segunda-feira. Ele não vira o domingo passar. Levantou-se muito tarde, deitou-se muito cedo. Um dia sem. Sem vontade, sem fome, sem sede, sem nem sequer uma lembrança. (p. 69)
Sempre que podia, salvava algumas páginas que insistiam em não se deixar destroçar pela Zerstor 500. Eras essas páginas o enredo das leituras de Guylain no trem na ida para o trabalho. Essas páginas que eram resgatadas do abismo e restauradas, tratadas e lidas, não importando quais páginas fossem, de que livro ou história, se era o inicio, o fim ou o meio. Eram lidas, declamadas como nunca (que eu interpretei como sendo uma forma de Guylain honrar o assassinato que era obrigado a fazer).
“Não desatar o fio do Verbo, menino! Chegar ao fim, deslizar ao longo da tirada até que finalmente o ponto final o liberte!” (Yvon Grimbert, p.35)
Foi por meio dessas leituras que Guylain conhece Monique e Josette, duas senhorazinhas que o convidam para ler suas páginas para elas aos sábados de manhã. Receoso ele aceita e mais pra frente acaba gostando da atividade e repetindo vários outros sábados a visita, passando a ser acompanhado por Yvon, que agora ganha público para seus versos alexandrinos.

Termino nesse parágrafo a resenha, pois a partir desse momento a história encontra sua aventura romântica e daqui ruma para o desfecho, no instante que em uma das voltas para casa, Guylain encontra no banquinho de sempre do trem um pen drive. E no pen drive, encontra diversos textos (diria que pequenas crônicas) de uma autora anônima. Que desperta em Guylain, assim como em nós leitores, a curiosidade e a paixão por tão belas histórias escritas, linguagem bem empregada, semântica e sintaxe bailando em perfeita harmonia.

E assim, Guylain parte na busca da jovem Julie, o proposito que Guy encontrou para sua vida. Assim, qual o seu proposito pra está vida?

E como não pode faltar, vamos para o "Além do enredo", com Versos Alexandrinos, Tialogismo - Aforismo e mais um livro apresentando a função Metalinguística, o livro apresenta outra obra da literatura em forma de livro, mas na verdade é uma peça teatral: "O Cid, de Corneille (Le Cid)".


PERSONAGENS


Guylain Vignolles

[...] entrara na vida tendo como fardo o infeliz trocadilho proporcionado pela junção de seu nome com seu sobrenome: Vilain Guignol, algo como ‘palhaço feio’, um jogo de palavras ruim que ecoara em seus ouvidos desde seus primeiros passos na existência para nunca mais abandoná-lo. p. 7
Em trinta anos de existência, acabara aprendendo a se fazer esquecível, a se tornar invisível para não provocar mais gargalhadas e zombarias do que as que sempre se manifestam tão logo era notado. Não é nem bonito nem feio, nem gordo nem magro. Só o vislumbre de uma vaga silhueta nas margens do campo de visão. Fundia-se à paisagem até renegar a si mesmo para permanecer em outro jamais visitado. p. 8

Giuseppe


Infelizmente sem informações pra extrair do livro.


Yvon Grimbert

Aos cinquenta e nove anos, o teatro clássico era o único amor verdadeiro de sua vida, [...] p. 17 
Sempre aprumado, o vigia caprichava com um zelo todo especial no cultivo do bigode, um traço fino que enfeitava seu lábio superior, sem jamais perder a oportunidade de citar o grande Cyrano: ‘Sim, todas as palavras são finas quando o bigode é fino’. p. 17-18

Brunner

O jovem de macacão sempre impecável estava apoiado displicentemente no painel de controle da Coisa. Com os braços cruzados junto ao corpo, ele recebeu Guylain como sempre: um sorriso estranho mal esboçado nos lábios. Nunca uma palavra de boas-vindas, um gesto, nada, só esse sorriso cheio de arrogância que ele lhe dava do alto de seus vinte e cinco anos e de seu um metro e oitenta e cinco. Brunner passava o tempo disparando suas verdades a quem quisesse ouvi-las. p. 21-22
Félix Kowalski
[...] via tudo, como um pequeno deus na escuta de seu reino. O menor alerta, o mais ínfimo deslize, e eis que ele surgia na ponte suspensa, gritando suas ordens ou fazendo chover reprimendas. p. 24 
[...] não falava. Latia, gritava, berrava, xingava, rugia, mas nunca soube conversar normalmente. p. 24
Monique & Josette
[...] duas fãs octogenárias que o reivindicavam só pra elas. p. 72  
Essas duas velhinhas eram comoventes, cada uma delas embrulhada em seu casaco bege e as duas escutando-o com uma atenção apaixonada. p. 73  
O cartão informava nome e endereço em meio a um canteiro de flores em tons pastel. Senhoritas Monique e Josette Delacôte. 7 bis, beco de la Butte, 93220, Gagny. p. 7


Sobre o autor:

Jean-Paul Didierlaurent mora em Vosges, na França. Seus contos ganharam duas vezes o Prêmio Hemingway. O leitor do trem das 6h27 é seu primeiro romance, cujo direito de publicação foi adquirido em 25 países.
Fonte: próprio livro.