segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Os Miseráveis, de Victor Hugo (adaptação de Walcyr Carrasco)


Falando em clássicos... No meu quinto semestre do curso de Biblioteconomia, tive uma disciplina denominada Panorama Histórico da Literatura, onde era lecionado conhecimento básico de literatura, escolas literárias, grandes clássicos e etc... Uma das avaliações requeria a apresentação, indicação, de um clássico literário e era exigido que apresentássemos a obra como um todo, autoria, sinopse, personagens, citações, que tipo de escola literária era empregada e blábláblá.

Ordem recebida, e ordem cumprida. Minha escolha foi pela obra de Victor Hugo, "Os miseráveis", clássico da literatura francesa que aborda uma época histórica para o país.

A obra escolhida é uma segunda edição, 2012, da editora Moderna, de autoria de Victor Hugo, e tradução e adaptação de Walcyr Carrasco, pertencente à série “Clássicos Universais”. Possui comentários da crítica literária Marisa Lajolo acerca da obra de Victor Hugo e da tradução e adaptação por Walcyr Carrasco, além de ter pesquisado e estudado uma linha do tempo da obra literária mencionada.





Título: Os miseráveis.
Título original: Les miserables.
Autor: Victor Hugo; tradução e adaptação Walcyr Carrasco.
ISBN: 978-85-16-07973-4.
Dimensão: 16cm x 23cm, 216 p.
Classificação: 823 - Literatura francesa.
Cutter: C313m.
Referência: CARRASCO, Walcyr. Os miseráveis. 2. ed., rev. São Paulo: Moderna, 2012. 214 p., il. col., 23 cm. (Biblioteca Walcyr Carrasco. Clássicos universais). ISBN 9788516079734 (broch.).


Lido em: oito dias.
Nota: 9/10
Adaptação: Sim, teve uma adaptação cinematográfica, em 1985 dirigido por Richard Boleslawski; em 1998 dirigido por Bille August; em 01 de fevereiro de 2013, na direção de Tom Hopper.


A sinopse apresentada e dedicada ao livro (tradução e adaptação de Walcyr Carrasco) foi retirada do site do Skoob (rede social para leitores):

“Após cumprir pena de trabalhos forçados por quase vinte anos, Jean Valjean é posto em liberdade. Seu coração está cheio de ódio e rancor: pela injustiça que sofrera, pela família perdida após tantos anos, pelos sofrimentos passados, pela vida que teria pela frente como um ex-condenado das galés. Errante, sem ser aceito nenhum lugar, encontra abrigo na casa do bispo, que lhe oferece comida e pouso. Mas a amargura e a revolta que traz no coração fazem com que Jean Valjean não reconheça a generosidade recebida. Pelo contrário, rouba as pratarias pertencentes ao bispo! A partir desse acontecimento, Jean Valjean vai descobrir uma fé que julgava morta dentro dele, e qualidades que também desconhecia haver em si próprio. A luta do bem contra o mal, da generosidade contra a ambição, da solidariedade contra o egoísmo, do amor contra o ódio vai ser exposta em muitas faces, e a transformação dos sentimentos negativos em sentimentos generosos é o que vai reger a trama e conduzir o clássico romance do mestre Victor Hugo.”
"- Jean Valjean, meu irmão, lembre-se de que já não pertence ao mal, mas sim ao bem. É sua alma que acabo de comprar. Eu a furto dos maus pensamentos e do espírito da perdição para entregá-la a Deus." (Bispo Monsenhor Benvindo, p. 62)
A obra “Os miseráveis” (1862), de Victor Hugo, é um clássico francês pós-renascença, que se deu a partir do século XVII através da difusão da imprensa e o aumento da produção literária.

É considerado um cânone literário por se tratar de uma obra que deixa marcas e uma posição na história, seja pela questão da estética do texto, ou seja, pela questão dos temas que são abordados, dessa forma tornando-se aptos para serem estudados. Segundo Ítalo Calvino (2007, p. 11-12), crítico literário, “os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõe como inesquecíveis e também se ocultam nas dobras da memória [...]”.
"Até esse momento, [...] não conhecera o amor. Nunca vivera uma paixão. Não se casara, nem tivera filhos. Era um solitário." (p. 125)
A história se passa entre o século XVII e XIX, no período da Revolução Francesa e da Batalha de Waterloo. Tem como personagem principal um ex-presidiário, Jean Valjean, que foi condenado pelo simples ato de roubar alimentos para dar de comer a sua família que vivia na miséria. Depois de passar quase 20 anos na cadeia, ele passa a carregar consigo a marca de um ladrão, e se vê em uma situação em que as pessoas não se dispõem a ajuda-lo devido o seu passado. Entretanto, Valjean encontra ajuda e abrigo com um bispo que mesmo após o incidente do furto de dois candelabros de prata, trata-o com um gesto de bondade e amor, mudando, assim, a vida de Jean Valjean.
"- Vou partir. Lembrem-se de mim de vez em quando. Amem-se sempre, um ao outro. É o melhor que podemos dar e receber neste mundo: o amor! Não sei o que tenho, parece que vejo uma luz! Cheguem mais perto. Morro feliz! Aproximem suas queridas cabeças, para que eu ponhas as mãos em cima delas!" (Jean Valjean, p. 206)
Mudando de um homem frio, sofrido e duro, passa a exercer a mesma bondade que recebeu do bispo, procurando ajudar a quem precisasse. Desse modo, ele acaba conhecendo Fantine, uma moça que sofre da pobreza e das injustiças sociais, que acabou tendo que deixar sua única filha aos cuidados de desconhecidos. Jean se dispõe a trazer Cosette de volta para sua mãe, Fantine, mas devido algumas desventuras da história, Fantine não vem a falecer sem antes poder rever sua filha.
"Ele dorme. Embora a sorte lhe tenha sido adversa ele viveu. Morreu quando perdeu seu anjo; partiu com a mesma simplicidade com a chegada da noite após o dia." (p. 207)
Entretanto, Jean Valjean ainda decide cumprir sua promessa e resgatar a pobre Cosette dos maus tratos e do trabalho infantil/escravo que vivia com a família de desconhecido. Ao resgata-la, Cosette fica aos cuidados de Jean Valjean que acaba criando um sentimento de amor paterno pela menina e passa a dedicar toda sua vida a ela. 

Entre as idas e vindas, as dificuldades que Jean tinha para se ver livre da cadeia e não ser descoberto pela polícia, ele se esforça o possível para proporcionar uma vida feliz para Cosette. Quando a garota cresce, conhece pelas ruas da cidade um rapaz chamado Marius, estudante republicano (que tentava derrubar o regime do rei Luís Filipe I). E esse amor feroz e puro entre os dois é o início de várias reviravoltas e outros acontecimentos na história, envolvendo não somente os dois, mas outros personagens, como Épopine, o menino Gavroche e Javert.


PERSONAGENS 

Jean Valjean: nosso principal protagonista, que pode ser descrito no decorrer da história como três personagens diferentes, devido as circunstâncias e o destino 
[...] Tinha aparência assustadora. Seria difícil encontrar alguém com aspecto mais miserável. Era forte, de estatura mediana. Parecia ter de quarenta e cinco a cinquenta anos. Na cabeça, um boné com aba de couro. A camisa, de tecido grosseiro, mal fechada, deixava ver o peito cabeludo. Calças esfarrapadas. Sapatos sem meias. Nas costas, um volumoso saco de viagem de soldado. Trazia na mão um cajado de madeira, cheio de nós. Cabeça raspada e barba crescida. O suor e o pó da estrada tornavam sua aparência ainda pior. (p. 35)
Monsenhor Benvindo: a personificação da bondade, como a humanidade deveria ser
[...] Charles-François Myriel, o bispo, também era conhecido como Monsenhor Benvindo. Era um velhinho de 75 anos, de uma bondade e simplicidade cativantes. Filho de um nobre, durante a Revolução Francesa emigrara para a Itália. Na juventude, gostava de vida social. Mas, depois da Revolução, ao voltar à França, tornou-se padre. Seu amor pelos semelhantes demonstrava profunda vocação religiosa. Ao ser nomeado bispo da pequena cidade de Digne, espantou a todos quando se recusou a viver no suntuoso palácio episcopal. Ofereceu o palácio ao hospital. Foi morar com a irmã e uma criada fiel na casa acanhada onde antes funcionava o hospital. Era um homem para quem os ensinamentos cristãos de humildade e amor ao próximo não eram palavras ocas, mas normas de conduta que lhe davam, aliás, grande satisfação. Vivia modestamente, destinando grande parte de sua renda aos pobres. (p. 46)
Fantine: a eterna donzela, que daria sua vida pelo bem de sua filha
Vivia em Paris, nessa época, uma jovem costureira chamada Fantine. Era alegre e gostava de rir. Ao fazê-lo, mostrava seus magníficos dentes. Tinha longos cabelos loiros. Lábios rosados. Enfim, era linda. Teve um namorado. Mas ele a abandonou. Para o rapaz, Fantine foi só um aventura. Para ela, foi seu primeiro amor. A ele se entregou completamente. Do romance, nasceu uma menina: Cosette. (p. 72)
Casal Thérnadier: um repugnante casal de ratos, que onde viam uma oportunidade de dinheiro fácil, não importasse os meios, agarravam com unhas e dentes
A mulher tinha algo de selvagem. O marido, de velhaco. Tinha sido soldado. Pintara, ele mesmo, a tabuleta da porta, que fazia referência à Batalha de Waterloo, onde Napoleão perdera a guerra. Tinha duas filhas, como já sabemos. A mais velha chamava-se Épopine. A mais nova, Azelma. (p. 76)
Um homem com cerca de sessenta anos, barba grisalha, pequeno, magro, com aparência cruel e jeito de vigarista, fumava cachimbo. Uma mulher gorda estava agachada junto à lareira. (p. 145)
Javert: "a lei é dura, mais é a lei", dando referência a fala dos Caçadores de Sombras, de Cassandra Clare. Não tem melhor definição para o homem da justiça, o inspetor de polícia
[...] Tinha nariz achatado, lábios finos. Quando ria, o que era raro, parecia um tigre. Tinha um apego estrito à lei. Mostrava-se implacável no seu dever de policial. Seria capaz de denunciar o próprio pai ou a mãe. (p. 81)
Cosette: nossa doce e pura menina, que se aventura em um romance dos sonhos, após tantos desafios ao longo da infância
Aos oito anos, Cosette já havia sofrido tanto que às vezes parecia uma velha. Tinha uma mancha negra num dos olhos, causada por um murro dado pela senhora Thénardier. (p. 115)
Era uma menina feia. Magra. As mãos cheias de frieiras. Como sempre estava com frio, tinha o hábito de apertar os joelhos um contra o outro. Vestia-se com farrapos. O corpo estava cheio de manchas, resultado das pancadas que levava. Mais que tudo, transpirava medo. No fundo de seus olhos, antes belos, só havia terror. (p. 119)
Marius: o príncipe encantado sem seu cavalo branco, mais ainda príncipe
Marius estudava Direito. Como sempre vivera afastado do pai, não sofreu muito com sua morte. Julgava-se abandonado. (p. 137)
Épopine: nossa dama da plebe, que busca apenas ter seu amor correspondido, por alguém que já entregou seu amor e coração à outra; 
Era uma jovem magra, de aparência maltratada. Voz rouca. (p. 143)
Gavroche: o pequeno anjo, que a guerra levou; 
[...] Menino criado nas ruas, como já mencionado, Gavroche era filho do casal Thénardier. A mãe se interessava pelas filhas, mas pouca importância dava ao menino. Este fora para as ruas. Vivia de expedientes, incluindo pequenos roubos. Tinha um grande coração. Esperto, sabia encontrar onde se abrigar. Era capaz de gestos contraditórios, como roubar a carteira de um ladrão para deixar com um pobre velho sem recursos. Entusiasmado, tinha um espírito ardente e grande alegria de viver. (p. 175-176)

Sobre o autor:

Victor Hugo: nasceu em Besançon, França, em 1802. Considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, foi porta-voz do movimento romântico e grande dramaturgo, ensaísta e poeta. Apaixonado, generoso, dedicado exaustivamente à arte de escrever, deixou uma obra colossal ao falecer, em 1885. Entre as que mais se destacam estão: "O Corcunda de Notre-Dame", "Os trabalhadores do mar" e "Cromwell". Em "Os miseráveis", o autor trata das questões morais e das injustiças sociais com tal maestria que ainda hoje é um dos romances mais lidos e adaptados para o cinema e para o teatro;

Walcyr Carrasco: nasceu em 1951, em Bernardino de Campos, SP. Escritor, cronista, dramaturgo e roteirista, publicou mais de trinta livros infantojuvenis ao longo da carreira, entre eles "O mistério da gruta", "Asas do Joel", "Irmão negro", "Estrelas Tortas" e "Vida de Droga". Fez também diversas traduções e adaptações de clássicos da literatura, como "A volta ao mundo em 80 dias", de Júlio Verne, e "Os miseráveis", de Victor Hugo, com o qual recebeu o prêmio Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. "Pequenos delitos", "A senhora das velas" e "Anjo de quatro patas" são alguns de seus livros para adultos. Autor de novelas como "Xica da Silva", "O Cravo e a Rosa", "Chocolate com pimenta", "Alma gêmea" e "Caras e Bocas", é também premiado dramaturgo - recebeu o Prêmio Shell de 2003 pela peça "Êxtase". Em 2010 foi premiado pela União Brasileira dos Escritores pela tradução e adaptação de "A Megera Domada", de Shakespeare. É cronista de revistas semanais e membro da Academia Paulista de Letras, onde recebeu o título de Imortal.
Homepage: Walcyr Carrasco


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