sábado, 13 de janeiro de 2018

Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas, de Raphael Draccon


O livro da vez teve uma chegada na minha vida igualmente a ideia desse blog.

Assim que o vi no sebo, a primeira coisa a chamar minha atenção foi a capa (sim, a capa, sei que "não devemos julgar um livro pela capa", mas tem umas que simplesmente são lindas e outras menos lindas), com um ar sombrio, cores frias, fontes textuais agradáveis e bem elaboradas, sem esquecer de mencionar o navio pirata e uma personagem vestida de vermelho, que mais na frente vem a ser a primeira personagem que veio em mente. Mas sem mais delongas... venho apresentar Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas.



Título: Dragões de Éter - Vol. 1 Caçadores de Bruxas.
País de produção: Brasil
Autor: Raphael Draccon.
ISBN: 978-85-62936-33-3
Dimensão: 23 cm x 16 cm.
Páginas:
Class. CDD: 869.3 - Literatura brasileira.
Cutter: D757d
Referência: DRACCON, Raphael. Dragões de Éter: caçadores de bruxas. São Paulo: Leya, 2010. Vol. 1 (Trilogia Dragões de Éter).


Lido em: 7 dias
Nota: 10/10
E-book: disponível pela LeLivros (basta clica e ser redirecionado para a página do livro no site) ... é um segunda edição, mas o conteúdo é o mesmo.



Um compêndio de histórias de Contos de Fada. Sabe aquela repaginada que de vez enquanto é sempre bom fazermos? Nossos queridos e amados personagens das histórias dos irmãos Grimm, recebem do autor um novo visual, novas características, um novo olhar, que permiti conhecer o novo e lembrar do antigo. Não fique pensando que você irá ouvir novamente as histórias dos bardos. Porque não vai. Draccon dá as histórias suas possíveis continuações, além de proporcionar respostas a certos momentos que ficaram um grande ponto de interrogação sobre o "por que aconteceu aquilo mesmo" com a personagem x.
"[...] o homem pode ser mau, e mesmo não merecer ser chamado de homem, mas também pode ser bom e muitas vezes ter momentos acima da mortalidade. O Bem e o Mal estão sempre disputando a supremacia em uma situação, e o homem há de saber bem quais suas bases e seus ideias e qual seu caráter, para não ser conduzido para caminhos destrutivos de tal estrada." (p. 313)
A escrita de Draccon é pensada estrategicamente e elaborada para o público juvenil, usando uma linguagem do cotidiano dos jovens, mas ainda respeitando o contexto da época em que se passa o enredo, fazendo novamente o casamento perfeito do novo e do antigo, permitindo que o leitor se introduza dentro da história, vivencie e se aventure com os personagens.
"- Acontece que, em uma única noite, eu aprendi que você, e quando sigo 'você' me refiro a 'todos nós', não é o que você veste. Nem o que você fala, nem também o que você possui. [...] Você é o que você representa." (p. 134)
Aos fãs de Contos de Fada, como eu, se preparem para explorar um mundo totalmente novo e diferente do que já conhecemos das histórias tradicionais de "ninar". É importante ressaltar que, a ideia central das histórias ainda é mantida no livro de Draccon. Por exemplo, nossa Chapeuzinho ainda se encontra com o lobo mau na casa da vovó, entretanto... leia e saberá, além do mais, assim como já foi realizado em filmes e séries, Draccon trouxe para a sua história uma interconexão entre as histórias. (Por exemplo, Cinderela indo ao baile no castelo de Rapunzel; ou Peter Pan navegando atrás de Mobi Dick - não que esses exemplos estejam no livro).

Nesse primeiro volume da trilogia posso afirmar que as seguintes historias são apresentadas: 
  • Chapeuzinho Vermelho; 
  • João e Maria; 
  • Branca de Neve e os Sete Anões (essa sim, vocês tem que apreciar); 
  • Peter Pan (com a exploração do vilão Capitão Gancho). 

Outro ponto muito interessante para expor é o assunto "Religião e fé". Draccon aborda a criação de Nova Ether semelhante a criação do Universo, usando apenas outros termos para descrever as palavras que usamos na realidade. Além do "Catolicismo" que é nítido na história ele aborda a religião Wicca similar a realidade. É sempre explorado no enredo o apego a fé e a oração. Como em momentos difíceis ou após esses momentos, os personagens se veem agradecendo ou pedindo bençãos.

Deixo a indicação do livro e assim que começar/terminar a leitura dos volumes seguintes trago mais de minha humilde opinião das obras. Mas como já expus, sou muito fã de Contos de fada, então pra mim vai ser uma experiência maravilhosa explorar mais um mundo fascinante com eles


PERSONAGENS

Ariane Narin: nossa querida e notável Chapeuzinho Vermelho
[...] nome significa 'a santa', 'a castíssima', 'a muito pura'. [...] uma garota de nove anos [...]. Refiro-me a um nome, um apelido. Um fardo; uma alucinação denominada pela forma de um antigo e sinistro chapéu alvacento infantil, friamente manchado pela cor do sangue de uma senhora simpática dilacerada e de um imenso lupino abatido. Um legítimo e maldito chapéu vermelho. p. 24 - 26
Rei Primo Branford: uma realeza que nasceu do povo
[...] um Rei que se portava como todos os Reis deveriam se portar. Um Rei que usava aquela barba longa, que dá propositadamente a qualquer Rei um aspecto sábio de tempo e aventuras vividas, e armaduras ou vestimentas com o brasão real à mostra, para incentivar um culto ao nacionalismo pelo exemplo. Arrastava capas presas aos ombros com postura; montava cavalos para combates de justas; sabia com que talher espetar um javali antes e depois do meio do dia; conhecia estratégias e citações militares de cor. p. 28
Maria Hanson: a corajosa que enfrentou a Bruxa da Casa de Doces
Maria nasceu morena como a mãe e o pai, e inteligente como nenhum dos dois jamais conseguiria ser. Era dotada de uma responsabilidade inigualável, provavelmente desencadeada pelo desejo de não ser um peso para os pais, mas uma solução. Se o pai não a impedisse, diversas vezes teria erguido um machado e tentado derrubar árvores. Como isso, porém, não era trabalho para uma menina de traços finos, e ainda mais da graciosidade de Maria, a jovem, por ideia e atitude próprias, passou a vender doces preparados pela mãe nas feiras de Andreanne. p. 33 - 34)
João Hanson: o destemido matador de Bruxas
[...] também nasceu moreno como a mãe e o pai, o que - penso eu - ninguém estranhou. Sua personalidade, entretanto, tratava-se de mais do que apenas diferente da de sua irmã; funcionava mais como um legítimo complemento. Pois, se a inteligência de Maria era alta, o raciocínio de João era brilhante. E veloz. Logo, bastava a irmã ter uma ideia, por mais simples que fosse, que o raciocínio do garoto tratava de encontrar uma forma de colocar aquela ideia em prática. Isso gerou uma curiosa harmonia entre irmãos, que poucas vezes esse mundo viu repetir. p. 34
Anísio Terra Branford: o príncipe da realeza
[...] príncipe herdeiro, o mais velho e treinado para ser o legítimo sucessor de Rei Primo: o príncipe Anísio Terra Branford, nome que aqueles especialistas de sabe-se lá o quê diziam significar "completo" ou "perfeito". p.37
[...] Anísio, o mais velho e herdeiro. Aquele de discurso eloquente, de hábitos nobres, de qualidades admiráveis para quem quer um dia se tornar Rei. p. 85

Axel Terra Branford: o príncipe da plebe

[...] nasceu acostumado com a ideia de não ser o príncipe herdeiro e, por isso, não se preocupou em ser o perfeito nobre e acabou por se tornar o perfeito plebeu. Não que o príncipe tivesse modos rudes ou falta de tato com a realeza (preconceito infundado esse), apenas não se interessava pela parte nobre das coisas, muito mais intrigado pelo mundo plebeu, tão diferente e fascinante para ele. Mais: Axel escrevia em altivo (língua falada em Arzallum) rico e se dirigia a qualquer um com a forma de falar pomposa dos nobres, mas, poucas vezes realmente sentia vontade de fazê-lo. Na maioria das vezes, o que se via era um príncipe conversando com soldados usando pronomes como 'você', de forma completamente natural, situação impensável em outros Reinos. p. 37
[...] um príncipe de cabelos claros e lábios finos, quase imberbe, estatura mediana, braços trabalhados em horas de treinamento excessivo com os profissionais de pugilismo do Reino e um rosto - diziam as plebeias - 'de bebê'. Outras coisas ainda diziam as plebeias sobre ele, mas muito já me excedi na descrição desse príncipe. p. 80
Rainha Terra: a história de amor mais arriscada das histórias
[...] um caso raro no mundo. Isso porque ela também era uma fada, e é muito difícil ser permitido que uma fada tenha uma vida humana. Entretanto, Terra a tinha. p. 46

Jamil, o Coração-de-Crocodilo: o novo terror dos sete mares

Talvez o nome não lhe diga nada agora, Mas garanto a qualquer um que, se fosse legítimo morador de Andreanne, sua pele se arrepiaria ao escutar tal nome, afinal, ele traria com a pronúncia lembranças de antigos pesadelos difíceis de esquecer. Pois é o nome de um pirata diferente dos outros, descendente do pior pirata que já existiu. Jamil era filho do pirata mais famoso do mundo. Jamil, o Coração-de-Crocodilo, era filho bastardo de James Gancho. p. 63

Rick Albrook: o nosso Heroi

Caçadores costumam sair de casa às quatro e meia da manhã, encasacados para se proteger do frio, com machados amarrados na cintura, longas facas presas próximo às botas e uma pesada espingarda nas costas (os mais fortes) ou um grande arco e flechas (os mais sensatos), após um gole de café quente preparado pela esposa. Também costumam se manter barbudos, já que aparência não é prioridade e ajuda na proteção do frio matinal, e ter um porte físico respeitável, mesmo porque passam o dia basicamente fazendo exercícios quando caçam. Esse também era o caso de Rick Albrook. [...] O Herói. É assim que ele era verdadeiramente conhecido pelas pessoas. Apenas isso, e simples assim. p. 97

Snail Galford: o jovem marinheiro-pirata

[...] jovem pirata, o mais novo de todo o grupo, do galeão de Jamil Coração-de-Crocodilo, que, como novato, sofria nas mãos dos piratas mais antigos e fazia os serviços mais humilhantes, o que incluía limpar o convés, provar a comida de Jamil na frente do próprio pirata e servir de alvo para os jogos de arremesso de facas nas horas livres dos marujos. p. 129



[...] nascera filho de jogador e vivia, desde que se entendia por gente, no meio das pessoas como aquelas, consideradas a escória do mundo. p. 129

Mestre Zangado: o pecado da Ira e a virtude da Paciência; 

[...] - Reza a lenda, e a lenda quem conta é o povo, que existe uma montanha para cada anão. Para que um nasça, outro deve morrer, pois esse número sempre é perfeito. Se a lenda é verdadeira ou não, não se sabe. Mas, nesta região, existem Sete Montanhas. E são Sete seus Mestres Anões! p. 328

Eu sou Mestre Anão Ira e exijo que não te esqueças disso. A par, permito que me chamem pela alcunha de Zangado, como antigos aliados humanos me nomearam, embora desconfie de um ar depreciativo que não percebo. p. 329
Outras Citações:

"Um dia seus oponentes poderão vencer, mas não hoje..." (Capitão Gancho, p. 68) 

"Se um dia tiver uma real oportunidade, e achar que aquela é a única de sua vida, agarre-a com unhas e dentes." (pai do Snail Galford, p. 129) 

"Nunca olhe para as estrelas. As estrelas olharam para você." (p. 216) 

" Notícias de muitas explicações são sempre más notícias." (p. 225) 

"Ao anoitecer, quando a lua estiver dançando com o sol, e esse baile formar o crepúsculo, chame-o. Ele virá... se mantiver o coração puro, a mente sã e o objetivo em foco... ele virá." (p. 259)



Sobre o autor:


Raphael Draccon é romancista best-seller e roteirista premiado pela American Screenwriter Association. Foi considerado pela Revista “Isto É” como um dos dez escritores mais influentes do mercado brasileiro. Com sua principal trilogia de fantasia “Dragões de Éter” chegou ao primeiro lugar no Brasil, quarto lugar no México e também foi publicado em Portugal. Com a marca de 500 mil exemplares vendidos, teve seu trabalho citado por Walcyr Carrasco na novela Amor à Vida e seu nome por Paulo Coelho em Frankfurt como um dos autores que move o mercado nacional. Também foi script doctor para a O2 Filmes no projeto de Fernando Meirelles com a Universal Pictures e Focus Features. Em 2015 entrou para o time de roteiristas da Rede Globo de Televisão, participando de Supermax e projetos da Globo Filmes. Atualmente vive em Los Angeles após receber um Green Card como “Aliens of Extraordinary Abilities”, onde trabalha para TV e cinema com empresas como Sony Latin America.

Homepage do Autor: Raphael Draccon
Blog da Trilogia: Dragões de Éter


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